Amostra - Volume 1
Hero of End - O Nascimento do Herói

Capítulo 1 - Kazuki Nakazawa
Apresentação
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O ano é 1539 D.E. (depois de Eldorium). As brumas da manhã se dissipavam lentamente sobre os campos verdejantes de Avalon, banhando a paisagem em tons de dourado. Na cidade de Nyxhaven, erguia-se uma casa modesta onde vivia Kazuki Nakazawa. Hoje, ao completar seus 16 anos, Kazuki sentia o peso da responsabilidade sobre seus ombros.
Enquanto observava os primeiros raios de sol iluminarem o horizonte, seus pensamentos o levaram a refletir sobre sua própria jornada:
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“Sou Kazuki Nakazawa, um mercenário nível platina. Sou excelente com espadas e tenho uma determinação inabalável! A vida de mercenário tem sido minha forma de sustento até agora, mas hoje, eu completo meus 16 anos. Finalmente posso alistar-me no exército após oito longos anos de preparação. Meu objetivo é claro: lutar na guerra e me tornar mais forte. Eu quero ser forte para proteger minha nação e principalmente, proteger aqueles que são queridos para mim.”
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“O mundo de Eldorium está mergulhado numa guerra contra os demônios há tanto tempo que mal me lembro de como era a vida antes disso. Nunca entendi o verdadeiro motivo por trás dessa guerra incessante que nos tirou tudo. Minha família, minha aldeia... foram devastadas por essas criaturas sem piedade. Minha mãe ainda dizia que os demônios não eram seres maus, mas se eles realmente não são assim, por que toda essa guerra?”
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“Lembro-me vividamente do dia em que minha vila foi atacada pelos demônios, no início da guerra. E foi por isso que eu prometi para mim mesmo que queria me tornar alguém forte e que iria acabar com tudo isso: toda a dor, destruição, sofrimento… Naquela época, eu era apenas uma criança assustada, mas, desde então, essa promessa tem ecoado em minha mente como um juramento sagrado. Não sou um príncipe herdeiro dos contos de fadas, nem um escolhido destinado a grandes feitos. Tudo que desejo é ser alguém forte o suficiente para fazer a diferença, para proteger as pessoas que eu amo e amarei.”
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Kazuki observou o horizonte enquanto a brisa da manhã agitava seus cabelos. “A guerra contra os demônios já dura oito anos…" murmurou para si mesmo, com a voz carregada de determinação e tristeza. Ele ficou em silêncio por um momento, o peso da guerra e das perdas recaindo sobre seus ombros. As imagens das batalhas passadas começaram a surgir em sua mente, uma memória dolorosa e inevitável. Seu olhar se endureceu ao lembrar dos líderes dos demônios.
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“Os demônios são comandados pelo Rei Demônio, uma criatura de poder inimaginável. Dizem que recentemente ele atingiu o nível de poder de um semideus, é muito poder… Sob ele, há os Dez Generais Demoníacos, cada um mais temido que o outro. Ouvi histórias sobre esses monstros. O 4° General Azaroth, conhecido por sua crueldade implacável, foi ele que atacou a minha aldeia há oito anos, ou até o 1° General Rayzor, o ‘diabo da espada’, todos temem ele, o grandioso 1° General, dizem que ele é o braço direito do Rei demônio…”
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“E não podemos esquecer dos Lordes Demoníacos, que residem na nação Demoníaca, Netheria. Lá, a hierarquia e a escuridão reinam supremas. Enquanto os Generais atacam as outras nações, os Lordes permanecem em Netheria, mantendo a ordem e governando a nação, dizem que eles são ainda mais fortes que os Generais demônios. Agora que penso nisso, realmente parece impossível vencê-los…”
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Ele apertou o punho da espada improvisada. “Mas não importa o quão poderosos sejam, eu não terei medo de enfrentá-los caso necessário. Eles não ficarão impunes! Estou determinado a lutar até o fim, a enfrentar esses demônios e pôr um fim a esta guerra.”
Aos oito anos, comecei meu treinamento. Uma espada de madeira e bonecos de pano eram meus companheiros leais. Aprendi cada golpe, cada defesa, cada estratégia básica que um guerreiro precisava saber. Treinei sozinho incansavelmente, dia após dia, alimentado por uma mistura de raiva e determinação. Mas ainda não consigo dominar a Soulmana em meu corpo, não despertei meus poderes ainda.
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“A Soulmana é a energia vital que flui dentro de cada ser vivo neste mundo" explicou Kazuki, seus olhos sérios enquanto refletia sobre seu treinamento. “É a fonte dos nossos poderes e capacidades sobrenaturais. Aqueles que dominam a Soulmana podem canalizá-la para realizar feitos extraordinários. E é tão frustrante não conseguir dominar… O que falta em mim para despertar…?”
Ele respirou fundo, pensando em sua própria jornada. "Desde jovem, tentei treinar para controlar minha Soulmana, mas ainda não consegui despertar meus verdadeiros poderes. É como se houvesse uma chama dentro de mim, aguardando para ser inflamada." Kazuki olhou para sua espada de madeira, um símbolo de seu árduo treinamento.
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"Os guerreiros habilidosos canalizam a Soulmana através de suas armas e habilidades, manipulando elementos, invocando poderes espirituais ou desencadeando ilusões psíquicas. Há infinitas possibilidades de manipulação da Soulmana. Com ela você tem a capacidade de fazer qualquer coisa, bom, eu acho que dá para fazer qualquer coisa. Essa combinação de habilidades e manipulação de Soulmana, nós chamamos de Kekijutsu, e cada guerreiro ou mestre possui seu próprio Kekijutsu, uma expressão única de sua conexão com a Soulmana e suas habilidades. Mal posso esperar para criar meu próprio Kekijutsu! Mas primeiro preciso despertar minha Soulmana.”
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Ele apertou o punho da espada, determinado. "Um dia, vou despertar meus próprios poderes e me tornar um verdadeiro guerreiro. Não desistirei até dominar minha Soulmana e proteger nossa nação da ameaça demoníaca que nos assola.”
“Agora, olho para o horizonte ao amanhecer, enquanto os primeiros raios de sol banham nossa vila. Estou pronto para enfrentar os perigos da guerra. Minha alma queima com o desejo de me tornar forte e a vontade de proteger aqueles que amo.”
“Hoje é o dia em que farei minha parte. Empunho minha espada com convicção, estou pronto para seguir em frente. Meu coração está repleto de promessas e meu destino aguarda no campo de batalha. É hora de lutar, é hora de cumprir minha promessa de ser alguém forte, e começar minha jornada!.”
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Uma surpresa inesperada
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“Preciso passar pela guilda de mercenários para vender as presas de lobo que cacei e receber o pagamento pelas últimas missões. A guilda fica no coração de Nyxhaven, um prédio robusto com o símbolo de uma espada cruzada sobre a porta. Enquanto caminhava pelas ruas movimentadas da cidade, observava o vai e vem dos moradores e refugiados. O ar estava carregado com o cheiro de fumaça e determinação.”
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Kazuki olhou ao redor, vendo as expressões cansadas e desesperadas dos refugiados que enchiam as ruas. Cada rosto contava uma história de perda e sofrimento. Ele se lembrou de sua própria família, de como haviam sido felizes antes da guerra. Sua mente voltou ao dia em que sua vila foi atacada, lembrando-se das chamas, dos gritos e do caos. A dor daquela memória ainda queimava dentro dele, alimentando sua determinação.
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“Desde que perdi minha família na guerra, fui forçado a encontrar uma maneira de sobreviver neste mundo devastado. Ser um mercenário não era minha primeira escolha, mas era o único meio disponível para ganhar dinheiro suficiente para comida e abrigo.”
“A vida como mercenário é árdua e perigosa, mas eu não tenho outra alternativa. Cada presa que trago e cada contrato que cumpro significa uma refeição na mesa e a chance de ver outro amanhecer. Não é uma existência glamorosa; é uma questão de sobrevivência em um mundo dilacerado pela guerra e pela presença ameaçadora dos demônios.”
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“Mesmo assim, dentro de mim queima uma chama de determinação. Eu sei que, ao me tornar mais forte e habilidoso como mercenário, estarei mais bem preparado para enfrentar os desafios que estão por vir. Proteger a mim mesmo e garantir minha sobrevivência é o primeiro passo para um dia poder enfrentar os demônios e trazer paz à nossa terra sofrida.”
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“Bom, agora que eu fiz 16 anos, eu posso me alistar no exército real, pois assim irei lutar diretamente contra os demônios. E assim talvez eu possa finalmente fazer a diferença na guerra, esse é o começo da minha jornada, eu vou ser um grande guerreiro, a minha vida toda eu me preparei para isso, sonhando com esse momento, e finalmente chegou o dia!”

Kazuki continuou seu caminho até a guilda, ansioso para completar sua transação e se alistar. Ao abrir as pesadas portas do prédio da guilda, foi recebido por uma visão surpreendente: uma festa surpresa em sua homenagem! As paredes estavam decoradas com bandeiras e fitas coloridas. Os outros mercenários e companheiros de Kazuki estavam reunidos ao redor, sorrindo e aplaudindo enquanto ele entrava. Uma mesa no centro, estava repleta de comida e bebida, e decorações improvisadas adornavam o ambiente. Kazuki ficou sem palavras, olhando ao redor com uma mistura de confusão e gratidão.
— Surpresa! — gritaram seus amigos e colegas mercenários, surgindo de todos os cantos do salão. Kazuki ficou paralisado por um momento, sem saber o que dizer. Sentiu uma onda de emoção ao perceber que, apesar de todas as dificuldades e perdas, havia encontrado uma nova família na guilda de mercenários.
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— Surpresa, Kazuki! — exclamou Karen, a recepcionista da guilda, agora com um sorriso caloroso. — Nunca íamos esquecer do seu aniversário Kazuki, e decidimos comemorar em grande estilo.
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Kazuki não esperava que seus colegas de guilda se importassem tanto com ele. Sentiu um nó na garganta ao perceber como havia sido absorvido por suas próprias preocupações e missões, deixando de lado momentos como esse.
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— Obrigado a todos — disse Kazuki, finalmente encontrando sua voz. — Isso significa muito para mim.
Festa de aniversário
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Karen se aproximou de Kazuki com um sorriso caloroso e, com um grande abraço, parabenizou-o.
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— Parabéns, Kazuki! — disse ela, com genuíno entusiasmo. Ele retribuiu o abraço, ainda surpreso com a festa surpresa organizada por seus colegas. Seu coração estava aquecido pela demonstração de afeto e apoio.
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— Obrigado, Karen — respondeu Kazuki, sentindo-se verdadeiramente grato pela demonstração de afeto. — Eu não esperava nada disso.
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Karen riu, afastando-se um pouco para olhar nos olhos de Kazuki. — Bem, você merece, Kazuki. Você é um dos nossos melhores mercenários e um amigo leal para todos nós aqui na guilda — respondeu Karen, com um grande sorriso no rosto.
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— Chega de conversa! Vamos logo festejar! — gritou um homem alto e robusto, com uma barba espessa e um sorriso brincalhão.
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Todos na guilda riram e concordaram, animados com a ideia de continuar a comemoração. Todos se acomodaram ao redor da grande mesa, enquanto as outras recepcionistas começavam a servir pratos deliciosos e bebidas refrescantes. O ambiente estava cheio de risadas e conversas animadas, com mercenários compartilhando histórias de suas últimas aventuras e brincando uns com os outros. A sala estava decorada com bandeiras coloridas e tochas que lançavam uma luz cálida e reconfortante.
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Karen se sentou em frente a Kazuki, sorrindo com uma expressão calorosa. Seus olhos verdes brilhavam refletindo o clima vívido e animado da festa, refletindo a alegria da celebração.

“Karen é minha amiga há tanto tempo que eu mal lembro quando nos conhecemos. Quando a minha vila foi atacada, eu fui o único sobrevivente, tive que me virar para sobreviver em meio aos escombros. Dias depois do ataque, o resgate chegou, e me levaram para cá, quando cheguei aqui, fui acolhido pela guilda de mercenários, e foi aí que eu conheci a Karen, ela tinha a mesma idade que eu, nos tornamos amigos e foi assim desde então…”
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“Karen sempre foi uma luz em meio à escuridão da guerra. Sua presença calorosa e seu apoio inabalável me deram forças para continuar, mesmo nos dias mais sombrios. Ela é mais do que uma amiga; é minha família aqui em Avalon.”
“Às vezes, nos perguntamos como teria sido se a guerra nunca tivesse acontecido, se nossas vidas tivessem sido diferentes, mas não podemos mudar o passado; só podemos continuar seguindo em frente, lutando por um futuro melhor.”
Todos levantaram suas canecas em resposta, brindando ao aniversariante e à camaradagem que compartilhavam como mercenários.
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Conforme a noite avançava, Kazuki percebeu que estava mais relaxado do que havia se sentido em semanas. A festa surpresa havia sido um lembrete poderoso de que, apesar das batalhas e dos desafios constantes, a vida ainda reservava momentos de alegria e união. Para Kazuki, a guilda não era apenas um local de trabalho; era um lar, e seus colegas, uma família.
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Enquanto Karen e os outros continuavam a celebrar ao seu redor, Kazuki sentiu-se otimista em relação ao futuro. Ele estava determinado a se tornar mais forte, não apenas para sua própria segurança, mas também para proteger aqueles que amava.
Quando a festa chegou ao fim e os mercenários começaram a se dispersar, Kazuki sentou-se ao lado de Karen, agradecendo-a pelo dia memorável. O salão da guilda, agora mais silencioso, ainda estava iluminado pelas tochas nas paredes, lançando sombras dançantes pelo ambiente. O cheiro dos alimentos e das bebidas ainda pairava no ar, misturado com a sensação de camaradagem que a festa havia proporcionado.
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Antes que pudesse se despedir, Kazuki sentiu a necessidade de compartilhar sua decisão.
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— Karen, preciso te contar uma coisa — disse Kazuki, com seriedade na voz, olhando-a nos olhos com um semblante grave.
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— O que foi, Kazuki? — perguntou Karen, preocupada, notando a tensão no rosto dele.
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— Decidi me alistar no exército — respondeu Kazuki, sua expressão agora determinada, embora uma sombra de apreensão o atravessasse.
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Os olhos de Karen se arregalaram de surpresa e preocupação. — O-o quê? Kazuki, você está falando sério? — respondeu ela, com a voz embargada. — A guerra é perigosa demais. Você não deveria se envolver.
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Kazuki abaixou os olhos, sentindo o peso da desaprovação de Karen. — Eu sei que é arriscado, mas é algo que sinto que devo fazer. Desde que minha vila foi destruída, prometi a mim mesmo que acabaria com essa guerra. E agora, finalmente tenho idade para me alistar e fazer a diferença.
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Karen suspirou, visivelmente frustrada. — Kazuki, você não está pensando direito. Há outras maneiras de fazer a diferença sem se colocar em perigo.
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Kazuki levantou o olhar, determinado. — Eu entendo sua preocupação, Karen, mas é algo que preciso fazer.
Os olhos de Karen se encheram de lágrimas enquanto ela olhava para Kazuki. — Você é como um irmão para mim. Por favor, não faça isso.
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Kazuki segurou a mão de Karen com ternura. — Karen, eu aprecio seu apoio e sua preocupação, mas minha decisão está tomada.
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Com um suspiro resignado, Karen olhou nos olhos de Kazuki. — Então, vá. Mas não me peça para concordar com isso.
Kazuki assentiu, sentindo um aperto no peito diante da expressão preocupada e angustiada de Karen. Ele sabia que sua decisão causaria dor à sua amiga mais próxima, mas era algo que sentia que precisava fazer.
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Volta para casa
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Com um último olhar para trás, Kazuki deixou a guilda dos mercenários, tomado pelo remorso. Enquanto isso, Karen permaneceu na guilda, lutando contra suas próprias emoções. Com uma determinação silenciosa, ela pegou os papéis de alistamento e começou a preencher os formulários em nome de Kazuki. Cada palavra escrita era um lembrete doloroso da escolha que seu amigo havia feito.
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Kazuki caminhava pelas ruas de Nyxhaven em direção à sua casa, sua mente estava determinada e focada. Ele não tinha remorso em relação à decisão que tomara. "Karen está preocupada, mas eu sei o que devo fazer" pensou Kazuki consigo mesmo, sua determinação refletida em cada passo que dava. Ele tinha feito sua escolha e estava decidido a seguir em frente, não importasse o que acontecesse.
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As luzes da cidade iluminavam seu caminho enquanto ele se dirigia para casa. Kazuki sentia um senso renovado de propósito e responsabilidade. Ele estava determinado a se alistar no exército e fazer a diferença na guerra contra os demônios.
Enquanto seus pensamentos se concentravam no desafio que o aguardava, Kazuki sentiu-se fortalecido por sua decisão. Ele estava pronto para enfrentar seu destino com coragem e determinação, determinado a proteger Avalon e aqueles que amava.
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Kazuki finalmente chegou em casa depois de deixar a guilda e percorrer as ruas de Nyxhaven. Ao abrir a porta, uma sensação de alívio e cansaço o envolveu. Ele respirou fundo, fechando os olhos por um momento para se recompor.
A modesta casa de Kazuki era um refúgio familiar. Ao adentrar, deparou-se com os objetos e móveis que haviam testemunhado sua infância após a tragédia. Uma mistura de nostalgia e melancolia o invadiu enquanto se movia pela sala em direção ao quarto.
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Ao deitar-se na cama, Kazuki fechou os olhos, mas sua mente estava agitada. Os acontecimentos do dia e as palavras trocadas com Karen continuavam ecoando em seus pensamentos.
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"Será que ela vai me perdoar? Karen é minha âncora, alguém cuja preocupação sempre me acompanhou, desde os dias sombrios após a guerra até hoje. Suas lágrimas ecoaram em meu coração quando anunciei minha decisão. Ela é mais do que uma amiga; é como uma irmã para mim. Eu a entendo, mas não posso ignorar o chamado que sinto em meu peito. Espero que, com o tempo, ela compreenda que minha escolha não vem de imprudência, mas de uma promessa antiga de justiça e proteção para nossa terra e nossos amigos…”
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Ele passa os olhos pelo quarto e reflete consigo mesmo… "Eu comprei essa casa com muito esforço, tive que realizar missões perigosas e com altas recompensas em dinheiro, mesmo sendo muito jovem…" Refletiu Kazuki, enquanto se deitava na cama e observava o teto. As lembranças de sua jornada como mercenário surgiram, trazendo à tona o peso das escolhas que o levaram até ali.
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"Por que tive que passar por tudo isso? Por que essa guerra começou afinal de contas..." murmurou Kazuki consigo mesmo, buscando respostas que pareciam escapar-lhe continuamente. Os motivos por trás da guerra que assolava Avalon há tantos anos eram um mistério para ele, assim como para muitos outros.
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A sensação de injustiça e desamparo inundou o coração de Kazuki. Ele recordou os rostos daqueles que havia perdido, as vidas ceifadas pela violência dos demônios. Cada cicatriz, física e emocional, que carregava era uma lembrança constante da luta pela sobrevivência em um mundo devastado pelo conflito.
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"Não importa o motivo... Eu devo encontrar uma maneira de fazer a diferença" afirmou Kazuki para si mesmo, renovando sua determinação. Ele sabia que cada batalha que enfrentava como mercenário o aproximava de seu objetivo final. Enquanto a noite avançava, Kazuki se permitiu um breve momento de reflexão antes de adormecer lentamente…
Pesadelo
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De repente, Kazuki se viu novamente na aldeia em chamas, envolvida por uma neblina de caos e destruição. O fogo crepitava ao seu redor, iluminando grotescamente os destroços que um dia foram seu lar. Em meio à agonia do pesadelo, Kazuki lutava em vão para salvar seus entes queridos, mas suas mãos passavam pelos fantasmas que o atormentavam. A sensação de impotência o consumia, enquanto as memórias se misturavam em uma espiral de desespero.
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Uma explosão repentina ecoou ao lado de Kazuki, atordoando-o e trazendo um brilho ofuscante aos seus olhos. Quando a fumaça se dissipou, ele viu diante de si um misterioso demônio, envolto em um manto negro e com o rosto obscurecido por sombras.
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— Pobre criança, és tão fraca em meio a tanto caos e destruição. — disse a voz sinistra, ecoando por entre os destroços.
Kazuki sentiu um arrepio percorrer sua espinha enquanto encarava a figura ameaçadora à sua frente. Sua presença emanava uma aura sombria e gelada, enchendo o ar ao redor com uma sensação de opressão, era um demônio de elite.
— Quem é você? — perguntou Kazuki com a voz embargada pelo medo.
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O demônio sorriu de forma sardônica, seus olhos ocultos brilhando com malícia. — Meu nome é Azaroth, mas eles me chamam de Arcano das trevas, sou o 4° General demônio e eu vim para destruir tudo aqui…
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Com um pulo, Kazuki acordou assustado do sonho, seu corpo coberto de suor frio e seu coração batendo descontroladamente. "Esses pesadelos... Eles sempre se repetem..." Respirando fundo, ele tentou afastar os pensamentos sombrios e voltou a se deitar. A sensação de desespero e impotência ainda ecoava em sua mente, deixando um peso em seu peito que parecia impossível de ignorar.
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“Meu nome significa esperança, pois antes de eu nascer, minha mãe passava por um momento difícil, e quando eu nasci, ela me disse que eu fui uma luz de esperança, que a iluminou e a encheu de alegria…” Lágrimas brotaram em seus olhos. “Mamãe… eu sinto tanta falta dela…” A lembrança do sorriso de sua mãe e do conforto de suas palavras trouxe um momento de consolo, mesmo em meio à turbulência de suas emoções.
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Sob a luz suave da lua, ele fechou os olhos, esperando encontrar paz em um novo sono. A determinação em seu coração não vacilava; ele estava determinado a enfrentar seus medos e buscar respostas para os mistérios que o atormentavam. Com um suspiro tranquilo, Kazuki deixou-se levar pelo sono, pronto para enfrentar o próximo dia com renovada coragem…
Capítulo 2 - A Ladra
Um novo dia
Kazuki desperta sob a penumbra do amanhecer, a luz pálida filtrando-se pelas cortinas semiabertas. Seus olhos ainda pesados de sono lutam para se ajustar à claridade do dia enquanto ele se ergue lentamente da cama. Um suspiro escapou de seus lábios enquanto ele se esforçava para dissipar os resquícios de seus persistentes pesadelos.
"Esses pesadelos... por que eles não acabam…" Murmurou Kazuki consigo mesmo, o eco de suas palavras preenchendo o quarto silencioso. Cada noite, as mesmas imagens assombravam seus sonhos, recordações vívidas da tragédia que se abateu sobre sua vida.
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“O demônio que atacou minha vila foi Azaroth, o 4° General demônio. Minha vila foi atacada logo no primeiro dia de guerra, e o motivo do ataque foi que minha vila ficava no caminho para Valoria, a capital de Avalon, que é o foco dos demônios desde o início da guerra. Era para eu ter morrido nesse ataque, mas por algum motivo, Azaroth não me matou. Entre todos os outros, ele decidiu me poupar, e eu nunca entendi o porquê. Ele disse que estava curioso para ver o que eu viria a me tornar no futuro…”
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Kazuki parou, a memória de Azaroth pairando como uma sombra sobre seus pensamentos. "Curioso para ver o que eu viria a me tornar?" Essas palavras ressoavam em sua mente, carregadas de um mistério que ele ainda não conseguia decifrar. Ele se lembrava do olhar penetrante de Azaroth, uma mistura de desdém e fascínio, como se enxergasse algo em Kazuki que nem ele mesmo podia ver. Essa curiosidade sinistra do demônio o deixava inquieto, alimentando tanto sua raiva quanto sua determinação.
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“vamos lá, mais um novo dia” Kazuki boceja, apesar do cansaço que o envolvia, Kazuki sabia que não poderia se dar ao luxo de permanecer na cama. Com um esforço, ele se levantou, deixando para trás os lençóis amarfanhados em seu rastro. Era hora de enfrentar um novo dia, repleto de desafios e incertezas.
“A Karen deve ter feito meu alistamento; ainda tenho que esperar uma semana para ser aprovado no exército real. Até lá eu terei que me virar como sempre.”
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Ao chegar à cozinha, Kazuki se deparou com o armário quase vazio, com apenas alguns pães dentro, uma visão que não era estranha para ele. A escassez de comida era uma realidade constante em sua vida desde que perdera tudo na guerra. Ele suspirou, resignado, enquanto examinava os poucos itens que restavam. Alguns pedaços de pães endurecidos era tudo o que encontrou.
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“Preciso comprar mais comida, mas não sei se tenho dinheiro, preciso ir na guilda pegar uma missão…” Kazuki pegou um pão para comer e se senta em uma cadeira em volta da mesa. Enquanto comia, ele refletia sobre a discussão que teve com Karen, as lembranças daquele momento retornando à sua mente. “Será que ela ainda está brava comigo? Sinceramente, eu não quero aparecer por lá agora.”
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Kazuki termina de comer o pão e vai até o armário do seu quarto verificar quanto dinheiro tem. Ele abre a porta e para sua decepção, encontra apenas 7 moedas de prata. “Só 7 Aurins? Eu tenho menos do que eu pensava; droga, preciso criar o hábito de contar o meu dinheiro.”
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Kazuki pega as poucas moedas que possui e sai de casa, indo em direção ao mercado local. “Só 7 Aurins de prata, o que eu posso comprar com 7 Aurins de prata? Talvez 2 pães? Provavelmente não; o preço do pão tem subido ultimamente… Sete Aurins é tão pouco, e eu só comi aquele pão, ainda assim continuo com fome. Queria comer mais, mas eu preciso guardar para depois.” Kazuki reflete sobre sua situação financeira enquanto caminha até o mercado.
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"A nação de Avalon usa o Aurin como moeda, dividido em Aurins de ouro (Au), de prata (Ag) e de cobre (Ac). Um Aurin de ouro vale 100 Aurins de prata; e um Aurin de prata vale 100 Aurins de cobre. Há também o Aurin de platina (Ap), extremamente valioso, e por isso é reservado para lordes e membros da suprema corte. Este sistema financeiro foi estabelecido pelo primeiro Rei de Avalon após a Grande Guerra.”
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“Desde essa maldita guerra começou, a economia da nação caiu em muito, e caiu muito rápido. No começo da guerra entramos rapidamente em uma crise econômica, o primeiro ataque dos demônios prejudicou muito a nação, e muitas cidades foram dizimadas. Incontáveis pessoas morreram, e a população teve uma redução significativa.”
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“Os laços com as outras nações se romperam, então ficamos por nossa conta para produzir nossos alimentos e produtos, sem exportações. E assim, o comércio não perdeu tempo, vários comerciantes aumentaram em muito o preço da comida, passando a custar três ou até quatro vezes mais caro. Por isso, muitas pessoas acabaram morrendo de fome, civis tiveram que virar caçadores ou mercenários, a prostituição aumentou, a taxa de roubo também, o mercado ilegal cresceu, o tráfico e muito mais… A nossa nação decaiu muito, e isso é muito triste; eu quero mudar isso, eu quero salvar a minha nação! Talvez eu não consiga mudar nada, mas mesmo assim, eu irei tentar!”
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"Mas… a verdadeira esperança do mundo se apagou há três anos, quando a guerra atingiu seu ápice. Durante meses, os demônios lançaram ataques incessantes, sem dar trégua. Embora tenhamos conseguido conter seus avanços em muitos momentos críticos, o preço foi devastador. Terras inteiras, por quilômetros, foram destruídas, em todas as nações. Lunária, a nação dos vampiros, caiu e foi tomada pelos demônios. Pior ainda, incontáveis guerreiros e mestres foram mortos, exércitos inteiros dizimados; e agora, o mundo está sem combatentes experientes para lutar, restando apenas jovens para formar a maioria dos soldados...
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Desde então, a guerra esfriou, com os demônios interrompendo as investidas por um tempo para se reagruparem. No entanto, a esperança de vitória parece ter desaparecido junto com aqueles que caíram, e talvez seja apenas questão de tempo até que os demônios lancem seu ataque final. Estamos à beira do fim... mas estou pensando demais, preciso distrair a cabeça... A padaria do Gale está logo ali."
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Nyx’ Oven
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Kazuki chega ao mercado, múltiplas barracas de todo o tipo, umas ao lado da outra, com várias pessoas para todo o lado. “É tão cedo, mas ainda assim o mercado está cheio.” Kazuki observa as barracas coloridas alinhadas ao longo do mercado, cada uma oferecendo uma variedade tentadora de produtos, desde frutas frescas até artesanatos elaborados. O zumbido das conversas e o aroma delicioso de pães recém-assados permeiam o ar, criando uma atmosfera animada e acolhedora.
Kazuki vai até uma padaria chamada Nyx’ Oven, comprar algo para comer. Ao se aproximar da padaria, Kazuki avista Gale no interior da padaria, aparentemente, fazendo pães. Seu avental branco está sujo e manchado de farinha, e seu rosto está marcado pelo sorriso caloroso que ele oferece a cada cliente que se aproxima. Quando notou a chegada do jovem, Gale o padeiro, sorriu calorosamente para Kazuki:

— Olá, Kazuki. Como vai hoje? — diz Gale, sua voz transbordava de energia e otimismo, contrastando com a expressão um tanto abatida de Kazuki.
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— Vou bem, obrigado, e você? — Kazuki respondeu com um pequeno sorriso e um aceno de cabeça, seus ombros ligeiramente caídos.
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— Estou indo bem. O mercado está movimentado hoje, tenho muitos clientes, mas e então, o que deseja? — Gale apoiou os braços no balcão da padaria, esperando pela resposta de Kazuki.
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— Bem… o que consigo comprar com 7 Aurins de prata? — Kazuki perguntou, com um tom de resignação em sua voz.
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— Apenas 7 Aurins? Parece que as coisas não estão fáceis para você, Kazuki — Gale franziu o cenho levemente, preocupado com a situação de Kazuki.
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— Sim... Tem sido difícil encontrar trabalho bom ultimamente… — Kazuki suspirou, desviando o olhar para o chão por um momento.
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— Sinto muito em ouvir isso. Deixe-me ajudá-lo. — Gale pegou alguns pães frescos da prateleira atrás dele e os colocou em um saco de papel.
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— Não precisa se preocupar, Gale. — Kazuki hesitou por um momento.
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— Não é problema. Aqui estão alguns pães para você, cortesia da casa. — Gale estendeu o saco de papel para Kazuki com um sorriso solidário. — Você precisa, Kazuki.
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— Obrigado, Gale. Eu aprecio muito — Kazuki aceitou os pães com gratidão, sentindo um calor reconfortante em seu coração.
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— Coma bem, Kazuki. Estou aqui se precisar de mais alguma coisa — disse ele, acenando gentilmente com a cabeça enquanto Kazuki se afastava, com os pães em mãos; pronto para enfrentar mais um dia desafiador.
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Kazuki guarda os pães na mochila e pega apenas um para comer agora. Ele caminha pelas ruas movimentadas de Nyxhaven, onde animação do mercado contratava com o clima frio da manhã.
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Uma ladra
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Enquanto Kazuki caminhava pelas ruas, saboreando o pão gentilmente concedido por Gale, ele não pôde deixar de pensar no padeiro. Gale sempre parecia mais do que um simples fornecedor de pães para ele. Em seus breves encontros, Kazuki sentia uma conexão especial, uma sensação de conforto e cuidado que o lembrava de uma figura paterna.
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“Gale é alguém muito especial para mim, mesmo que nós não passamos tanto tempo juntos, ele sempre cuida de mim quando pode. Em muitos momentos difíceis, ele estava comigo, e eu sou muito grato por ter ele ao meu lado…”
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Enquanto Kazuki caminhava distraído pela rua, um movimento súbito o tirou de seus devaneios. Um vulto ágil passou por ele, puxando sua bolsa em um piscar de olhos. "Um ladrão!" A adrenalina correu pelas veias de Kazuki, seus instintos despertos pela urgência do momento. Sem hesitar, ele largou o pão e se lançou em uma perseguição desenfreada.
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O ladrão parecia deslizar pelas ruas, suas pernas ágeis o levando a uma velocidade impressionante. Determinado a não o deixar escapar, Kazuki avançou com vigor, ignorando as multidões que se aglomeravam na rua. À medida que o ladrão fugia, ele decidiu escalar uma casa e saltar para os telhados. Kazuki seguiu seu exemplo, impulsionando-se para cima com destreza subindo nos telhados das casas…
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— Você não vai conseguir escapar de mim! — gritou Kazuki enquanto começava a perseguir o ladrão.
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A perseguição continuava frenética pelos telhados, o ladrão ágil como um gato, escapando agilmente de cada investida de Kazuki. “Droga! Ele é muito rápido, os guardas não conseguiram prendê-lo, tenho que resolver isso sozinho!” Kazuki segue o ladrão sob telhados com agilidade, mas o ladrão é surpreendente rápido, ágil e versátil.
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“Como alguém consegue ser tão rápido assim?” O ladrão desce dos telhados rapidamente tentando despistá-lo nas ruas, Kazuki lutava para acompanhar o ritmo, sua determinação sendo testada a cada passo. Mas ele não desistiria tão facilmente, com uma determinação renovada, Kazuki traçou um plano ousado. “Já sei!”
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Enquanto Kazuki observa o ladrão descer dos telhados e correr pelas ruas, uma determinação feroz tomou conta dele. Com um impulso poderoso, ele corre até a beirada do telhado e se lança em um salto audacioso e perigoso, buscando alcançar o fugitivo. O momento é tenso, o ar cortado pelo vento, até que Kazuki atinge o ladrão em um impacto violento, ambos caem com força no chão.
Enquanto Kazuki e o ladrão recuperam o fôlego após o choque, um silêncio tenso paira sobre eles, quebrado apenas pelo ruído distante das ruas movimentadas.
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— Eu falei que você não ia escapar de mim — diz Kazuki, tentando manter o tom confiante apesar da dor que percorre seu corpo. Com esforço, ele se levanta lentamente, observando a ladra caída à sua frente.
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— Você é louco! — Protesta o ladrão com uma voz feminina enquanto tenta se levantar, mas sem sucesso.
Kazuki se aproxima dela e ao observar seu rosto, percebe que é uma garota. Seus cabelos loiros estão amarrados e seus olhos negros refletem a surpresa enquanto usa uma máscara de bandido.
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— Você é uma garota?! — exclama Kazuki, espantado com a descoberta.
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— É claro que eu sou! Não está vendo seu idiota?! — A garota responde com um tom arrogante enquanto se senta no chão, sentindo dor em todo o seu corpo.
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— Espera, eu conheço você; é a ladra que tem recompensa de 5 Aurins de ouro! — Kazuki aponta seu dedo para ela enquanto a acusa.
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A garota não responde, apenas desvia o olhar, incapaz de fugir devido à dor em seu corpo.

Kazuki pega a bolsa dele caída no chão, em seguida olha nos olhos delas…
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— Você está com fome? — Kazuki pergunta sentindo pena e empatia pela garota.
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— É claro que eu estou, né seu idiota! Senão, que motivos eu teria para te roubar!? — a garota continua a gritar com ele, seu tom arrogante e irritado.
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Logo, Kazuki abre a sua bolsa e pega um pão, o oferecendo para a garota com um sorriso gentil:
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— Tome, pode comer.
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— Porque está me dando isso? — a garota pergunta, confusa.
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— Porque você está com fome, é óbvio — Kazuki sorri para a garota, demonstrando gentileza e empatia.
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— Você pode ir embora também. — diz Kazuki novamente, deixando a garota ir.
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— Mas se você pode receber uma boa recompensa se me entregar para os guardas… — a garota reluta.
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— Eu sei disso, mas eu também sei que você só está fazendo isso para conseguir sobreviver, então por isso, pode ir…
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Com muita dificuldade, a garota se levanta sentindo a dor em todo o corpo. — Obrigada — diz ela antes de sair correndo pelas ruas com o pão em mãos.
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“Todos merecem uma chance, às vezes precisamos fazer coisas ruins para poder sobreviver, nem todos que fazem coisas ruins, são más pessoas, é nisso que eu acredito; todos merecem uma segunda chance, e é assim que eu vou mudar o mundo!”
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“Bom, agora eu preciso ir para a guilda dos mercenários; preciso completar uma missão para ganhar dinheiro.” Kazuki segue seu caminho para a guilda de mercenários.
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Guilda dos mercenários
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Chegando na guilda, Kazuki abre as portas de madeira maciça, reforçadas com ferro, que rangeram levemente sob seu toque. O interior da guilda era um amplo salão iluminado por lâmpadas a óleo, penduradas em correntes que balançavam suavemente com a corrente de ar. As paredes eram adornadas com troféus de caçadas passadas: cabeças de monstros, armas antigas e bandeiras desgastadas. Grandes mesas de madeira estavam espalhadas pelo salão, algumas com bancos vazios, outras com papéis e pergaminhos desorganizados, logo percebe-se que há poucos mercenários na guilda…
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“A guilda está vazia… Normalmente tem mais pessoas…” Ele reflete, notando a escassez de presença naquele local que costumava ser movimentado. Dirigindo-se ao balcão, Kazuki não encontra Karen, a recepcionista habitual, invés disso, seus olhos encontram Jessie, uma figura menos familiar que ocupa o posto de recepcionista neste momento inusitado.
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— Olá, Jessie, onde está Karen? — Kazuki pergunta, preocupado.
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— Ela ficou muito magoada com sua decisão de se alistar no exército; por isso não veio trabalhar hoje... — diz Jessie olhando para Kazuki.
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Kazuki sente uma pontada de culpa no peito, mas logo responde — Entendi, mas onde estão a maioria dos mercenários?
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— Surgiu uma missão especial, um acampamento de goblins foi achado perto de uma vila vizinha. A recompensa do extermínio é de 18 Aurins de ouro, os mercenários formaram um grupo para dividir a recompensa, já que muitos mercenários queriam a missão — Jessie explica calmamente.
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— Entendi, e quais missões sobraram? — Kazuki pergunta interessado.
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— Bom, do seu nível, temos essas daqui — Jessie mostra diversos papéis para Kazuki.
Missões:
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Escolta: Uma caravana de comerciantes precisa de proteção enquanto viaja para Midgard (uma cidade vizinha). Eles oferecem uma recompensa generosa pela escolta bem-sucedida e segura. Recompensa de 400 Aurins de prata (400 Ags).
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Missão de Caça: Um grupo de fazendeiros nas proximidades relatou avistamentos frequentes de lobos que estão atacando seu gado. Eles estão oferecendo uma recompensa pela eliminação desses predadores para proteger seu sustento. Recompensa de 280 Aurins de prata (280 Ags).
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Caçada ao Ogro: Há relatos de um ogro rondando as áreas selvagens próximas à vila, causando estragos na fauna local e ameaçando o equilíbrio do ecossistema. Os moradores estão preocupados com a possibilidade de o ogro se aproximar da vila em busca de comida ou abrigo. Recompensa de 8 Aurins de ouro (8 Aus).
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Missão de Reconhecimento: Um grupo de exploradores deseja mapear uma região pouco explorada das montanhas ao sul. Os exploradores estão à procura de um mercenário experiente para ajudá-los a identificar possíveis perigos, e os proteger. Recompensa de 5 Aurins de ouro (5 Aus).
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“Uma missão de reconhecimento valendo 5 Aus e uma caçada de ogro valendo 8 Aus, ambas são interessantes, mas, no momento eu estou precisando de dinheiro, então quanto mais, melhor. Bom, é só um ogro e a missão é do meu nível, não deve ser problema.”
Kazuki pega o papel da missão para ler mais detalhadamente…
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*Caçada ao Ogro: Há relatos de um ogro rondando as áreas selvagens próximas à vila Yamagiri, uma vila vizinha da cidade Hikanimura. O Ogro está causando estragos na fauna local, ameaçando o equilíbrio do ecossistema ao redor. Os moradores estão preocupados com a possibilidade do ogro se aproximar da vila em busca de comida ou abrigo. Uma recompensa de 8 Aurins de ouro é oferecida pela eliminação do ogro, antes que ele represente uma ameaça direta à segurança da vila e de seus habitantes. *
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“Em minha vida como mercenário, já cacei diversos monstros, incluindo Ogros. Essa missão será apenas mais uma…”
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— Jessie, eu vou escolher essa da caçada ao ogro — Kazuki diz com confiança.
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— Tem certeza Kazuki? É um ogro, são criaturas fortes… — responde ela o alertando do perigo.
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— Não se preocupe Jessie, eu sei que consigo. — Kazuki abre um grande sorriso confiante, tranquilizando Jessie.
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— Está bem então, confio em você, Kazuki. Assine aqui por favor — Jessie dá o cartaz e uma pena de escrever para Kazuki.
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— Tudo bem — ele responde enquanto assina o cartaz da missão.
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— Tudo certo, Kazuki; agora é só trazer o coração do ogro para confirmar a morte e receber sua recompensa.
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— Tudo bem Jessie, já vou indo então.
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— Se cuide Kazuki — Jessie se despede de Kazuki enquanto ele se afasta do balcão.
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Kazuki se afasta do balcão com sua bolsa nas costas e vai em direção a saída, mas antes de sair, Kazuki olha para o lado e vê o mural de procurados atual. Ele o analisa, notando os mais procurados da nação:
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Hayato Simo: recompensa 55 Aurins de ouro - vivo ou morto.
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Hikaru: recompensa: 24 Aurins de ouro
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Darius: recompensa: 35 Aurins de ouro - vivo ou morto.
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Kazuki observa a lista por um momento, ponderando sobre os perigos que esses criminosos representam e as recompensas tentadoras que suas capturas oferecem. Com um suspiro, ele vira as costas ao mural e sai pela porta, pronto para enfrentar os desafios que o aguardam lá fora. Kazuki sai andando pelas ruas enquanto reflete para si mesmo.
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"Os procurados... São extremamente perigosos, considerados criminosos na Nação de Avalon. Apenas os mercenários classificados como safira ou acima têm autorização para caçá-los, é uma medida de segurança para que apenas caçadores de alto nível possam caça-los.”
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“Na guilda de mercenários temos 9 níveis de classificação, inspirados no valor das joias, que são:
1- Bronze
2- Prata
3- Ouro
4- Platina
5- Safira
6- Esmeralda
7- Rubi
8- Ametista
9- Diamante.
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“Atualmente eu sou um mercenário de platina, e não tenho força o suficiente para me promover à safira; mas isso não me importa, se tudo der certo, eu vou ser aceito no exército, e assim eu poderei finalmente lutar na linha de frente da guerra!”
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“Mas por agora preciso me concentrar na missão. O Ogro está na vila de Yamagiri, uma vila vizinha de Hikanimura. Se eu partir agora devo chegar na cidade amanhã, preciso ir logo.”
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Kazuki, antes de partir, retorna ao seu lar para reunir os últimos restos de alimentos disponíveis. Com determinação, ele arruma sua bolsa, pronto para enfrentar a jornada rumo aos portões da cidade. Com um olhar determinado, ele se despede de Nyxhaven e inicia sua viagem em direção a Hikanimura…
Capítulo 3 - Caçada
Estrada para Hikanimura
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A luz do sol ainda brilha intensamente no céu, Kazuki emerge dos portões de Nyxhaven, a cidade que por tanto tempo chamou de lar. Sua bolsa, pesada com poucos pertences essenciais, pende confortavelmente em seu ombro, um lembrete constante de sua jornada iminente. Passo após passo, ele segue adiante, deixando para trás as ruas familiares e os murmúrios da vida cotidiana.
“Hikanimura é uma cidade conhecida por suas tradições culturais antigas, com mercados animados, ruas perfumadas com especiarias e casas adornadas com esculturas de madeira, mas principalmente, sua cultura e produtos exóticos. Embora a missão não seja em Hikanimura em si, eu terei que passar por lá para chegar na vila de Yamagiri.”
Kazuki segue por uma trilha de terra na floresta, destinada a viajantes. “Por esse caminho é mais rápido, e eu preciso me apressar. Daqui a algumas horas vai anoitecer e eu precisarei descansar e me alimentar. Viajar de noite em Avalon é extremamente perigoso por causa das criaturas noturnas, é uma regra básica que todos mercenários e aventureiros sabem.” Reflete Kazuki para si mesmo.
Kazuki continua sua viagem pela floresta, caminhando em ritmo acelerado. À medida que avança, os sons da natureza o envolvem: o canto dos pássaros, o sussurro suave das folhas, e o cenário belo e vívido, com grandes árvores verdejantes cercam Kazuki enquanto ele caminha pela trilha de terra. O clima está limpo, quase não tem nuvens no céu ensolarado. A atmosfera é de harmonia enquanto Kazuki continua sua viagem.
“É lindo… Eu já passei por aqui algumas vezes, mas nunca esteve tão tranquilo quanto agora. Estamos no auge da primavera, e eu sinto uma reconfortante sensação de paz enquanto caminho por aqui. Mas nem tudo são flores, à noite as criaturas selvagens começam a aparecer, preciso me abrigar antes que anoiteça completamente.”
Kazuki continua andando por mais algumas horas, até que percebe o sol se pondo. “Está escurecendo, preciso procurar um bom lugar para montar um abrigo.” Kazuki continua andando, agora cansado, enquanto o pôr-do-sol pinta o horizonte em lindos tons de laranja. Por sorte, Kazuki encontra uma pequena clareira na floresta, um terreno plano que é suficiente para montar seu abrigo.
Abrigo
“Aqui está bom.” Kazuki recolhe alguns gravetos para acender uma fogueira. Ele começa a friccionar um galho no outro, tentando gerar fogo. “Se eu conseguisse usar a minha Soulmana, eu poderia criar fogo facilmente com minhas mãos.” Kazuki reflete, sentindo angústia por não conseguir dominar a Soulmana em seu corpo, enquanto continua a friccionar os galhos, até conseguir gerar um pouco de fogo. “Pronto, esse fogo já é o suficiente para acender a fogueira.” A noite cai completamente, o céu está estrelado e a floresta está tomada pela escuridão.

Kazuki espalha um tipo de pó em volta da pequena clareira e coloca um saco de dormir no chão. “Esse pó é chamado de ‘pó terrível’, ele é um pó mágico feito de Soulmana, é claro. Ele produz uma atmosfera ruim, além de ter um mau cheiro. Esse pó é usado para afastar criaturas. O efeito dele é muito forte, então eu não preciso me preocupar enquanto como meu pão agora.” Kazuki pega o pão na bolsa e começa a comer em volta da fogueira.
“A noite na floresta é bastante fria. Uma hora essa fogueira vai se apagar, talvez eu passe um pouco de frio esta noite, mas não importa.” Kazuki termina de comer o pão e se deita no saco para dormir. “Por que eu não consigo dominar minha Soulmana? O que eu preciso? Parando para pensar, a maioria dos civis não consegue usar a Soulmana em seu corpo, e também muitos soldados no exército não sabem. Eu diria que menos de 20% da população consegue usar Soulmana. Por que é tão difícil? Por que será…”
Kazuki reflete para si mesmo uma pergunta que ele já se faz há anos, mas nunca achou a resposta. Como sempre, Kazuki deixa suas perguntas de lado e adormece tranquilamente em meio à floresta.
Hikanimura
Kazuki acorda de manhã com o nascer do sol iluminando novamente a floresta. "Uah..." Kazuki boceja e logo se levanta. Ele pega um pão na mochila e começa a comer. "Mais um novo dia. Pelo menos desta vez eu tive uma boa noite de sono. O pão está acabando, só restam dois, e meu cantil de água já está no fim. Espero que seja suficiente até chegar em Hikanimura."
Kazuki rapidamente se prepara para continuar. Ele recolhe seu saco de dormir e apaga a fogueira. Logo, continua sua viagem de manhã cedo. Conforme anda, seu cantil de água acaba, mas Kazuki continua mesmo assim. "Estou com sede." Após cerca de três horas de caminhada, ele finalmente chega em uma grande planície, avistando ao fundo as imponentes muralhas da cidade...
"Aí está, Hikanimura. Finalmente cheguei..." Kazuki caminha calmamente até os grandes portões escancarados da cidade. Ao entrar, as ruas estão movimentadas, com várias pessoas e barracas distintas. "Hikanimura tem sua própria cultura e seus produtos exóticos. Por isso, sua economia é a segunda maior da nação. Mas não posso perder mais tempo. Preciso ir até a guilda da cidade pedir informações sobre minha missão!"
"Estou com fome. Só resta um pão em minha bolsa. Vou guardá-lo para depois e comprar um pão fresco em uma padaria." Kazuki continua andando pelas ruas de Hikanimura até encontrar uma padaria chamativa em uma esquina, com o nome 'Padaria Dragão Dourado' escrito no letreiro. "Que padaria grande..." Kazuki adentra o local e percebe que está lotado, como era de se esperar pela manhã cedo. Ele vai até o balcão onde três garotas estão atendendo.
— Olá! O que o senhor deseja? — Uma das garotas sorri calorosamente para Kazuki.
— Olá, eu gostaria de apenas um pão, por favor — responde Kazuki com tranquilidade.
— Claro! Serão 8 Aurins de prata, senhor.
"8 Aurins de prata! Isso é muito caro, eu não tenho…" — Moça, eu só tenho 7 Aurins comigo... Não tem como abaixar um pouco, por favor? — Kazuki tenta negociar com a balconista.
— Sinto muito, senhor, mas não posso fazer nada... — A garota parece pena de Kazuki, mas não pode ajudar.
— Eu pago. — Diz um homem sentado ao lado de Kazuki, com cabelos castanhos claros e olhos cor de chocolate, além de uma espada larga nas costas.

— O quê? — Kazuki pergunta confuso com a proposta do homem.
— Um guerreiro com fome, morrerá em batalha; peça o que quiser garoto, eu pago — o homem diz enquanto bebe um gole de café.
— Como você sabe que eu sou um guerreiro? — Pergunta Kazuki.
— Eu vejo por suas roupas e por essa sua espada na cintura, é uma dedução lógica.
— Ah… é mesmo, tem razão. — Kazuki coloca a mão na cabeça de forma desajeitada, envergonhado com sua pergunta boba.
— Peça logo o que você quer. — Diz o homem.
— Muito… muito obrigado… — Kazuki pede um café da manhã completa para a garota do balcão. — Afinal, quem é você?
— Meu nome é Shizuki Mawhara, e eu sou um mercenário de nível ametista (nível 8).
— Nível ametista?! É um rank muito alto… você deve ser muito forte senhor Ishikawa…
— A força vem com a experiência…
Neste momento o café de Kazuki chega, e Shizuki termina de beber o café dele e logo se levanta…
— Bom garoto, eu tenho que ir agora, tenho missões pendentes.
— Ah, claro, eu entendo.
Shizuki joga uma moeda para Kazuki. — Se alimente bem garoto, um verdadeiro guerreiro tem sempre que estar preparado para a batalha. — Shizuki diz enquanto sai da padaria.
Kazuki vê a moeda que Shizuki o deu e percebe que é 1 Aurin de ouro. “um Aurin de ouro… ele me deu de graça uma moeda tão valiosa, quem será ele?” Kazuki se pergunta quem seria aquele aparente caçador misterioso enquanto termina de tomar seu café da manhã.
Kazuki paga a conta e sai da padaria, agora indo em direção à saída leste da cidade. “O café da manhã custou 72 Ags. Um preço muito caro por sinal, antes um pão era apenas 2 Ags, no máximo 3, mas o preço subiu tanto, me sobrou apenas 35 Aurins de prata, mas valeu a pena, faz muito tempo em que eu não tomo um café da manhã decente…” Kazuki sai da cidade e segue andando pela estrada de terra, em direção agora à vila de Yamagiri. “Vamos lá!”
Vila Yamagiri
Kazuki anda por aproximadamente meia hora, seus passos firmes ecoando entre as árvores altas que cercam o caminho estreito. Raios de sol filtram-se timidamente através das folhas, criando padrões de luz e sombra que dançam ao seu redor. O cheiro fresco da floresta mistura-se com o aroma de musgo e terra úmida, criando uma atmosfera tranquila e acolhedora, contrastando com a tensão que Kazuki carrega consigo.
À medida que avança, o caminho serpenteante revela pequenos riachos que murmuram suavemente, seus murmúrios acompanhando o ritmo calmo dos passos de Kazuki. A vegetação ao redor parece vibrar com vida, com pequenos pássaros coloridos que ocasionalmente cruzam seu caminho, lançando rápidos olhares curiosos para o intruso silencioso que corta a paz da floresta.
Finalmente, entre um claro entre as árvores, vislumbra-se a vila de Yamagiri. A visão é como uma pintura idílica: casas de madeira pitorescas com telhados de colmo, cada uma cercada por jardins bem cuidados e pequenos pomares. O aroma de pão fresco assando em fornos de pedra mistura-se ao cheiro natural da floresta, criando um convite irresistível para aqueles que se aventuram por ali.
Kazuki toma um momento para absorver a tranquilidade do local, uma pausa breve antes de continuar sua jornada. "Estava mais perto do que eu imaginava" murmura para si mesmo, reafirmando sua determinação enquanto se prepara para os desafios que o aguardam além da segurança aparente da vila de Yamagiri. Ele adentra a vila, e de pouco em pouco os aldeões se juntam ao redor de Kazuki curiosos, já que não costumam receber forasteiros em sua vila.
— Olá! Eu sou Kazuki Nakazawa. E vim para exterminar o grande ogro que habita nas redondezas dessa vila! — Kazuki diz em tom alto e firme, para todos escutarem.
— Estávamos esperando algum aventureiro vir… — Diz um velho senhor enquanto olha para Kazuki.
— Você vai nos proteger moço? — Diz uma pequena garota ao lado de sua mãe.
— Sim, eu vou protegê-los! — Kazuki responde com confiança para a garota.
— Obrigada moço. — Diz a menina agradecendo.
— Onde o ogro costuma habitar? — Kazuki pergunta para os aldeões.
— Ele se abriga em uma caverna, ao lado de um riacho. — diz um jovem fazendeiro.
— Está bem, eu irei caça-lo! — Kazuki fala cheio de determinação e confiança. Logo Kazuki sai da vila e segue o riacho em busca do covil do ogro, ele caminha na margem do rio, seguindo sentido contrário ao rio.
Caçada ao Ogro
Kazuki segue o Rio até uma montanha, onde encontra uma cachoeira, e ao lado, uma caverna com uma grande entrada. “Deve ser aqui…” Kazuki abre a mochila e pega uma tocha apagada, mas com muita cera no topo, em seguida Kazuki pega dois gravetos e começa a friccionar um no outro para fazer fogo e acender a tocha.
Com a tocha acesa, Kazuki empunha sua espada com a mão direita e adentra a caverna com extremo cuidado e sigilo, segurando a tocha na mão esquerda. Com muito cuidado, Kazuki caminha pela caverna. A cada passo dado, Kazuki sente um calafrio em seu coração, a cada suspiro ele sente uma ameaça à sua vida, mas mesmo com o mal presságio, Kazuki continua a caminhar com coragem até que, de repente, as narinas de Kazuki são impregnadas com um forte cheiro de sangue e carne podre…
“Que cheiro horrível. O covil ele deve estar perto…” Kazuki redobra seu cuidado, caminhando com ainda mais cautela, se preparando para o pior. Enquanto caminhava com cuidado, Kazuki chega até um grande espaço aberto na caverna, onde o cheiro de sangue está vindo. “É aqui…”
Preparado para o encontro com o Ogro, Kazuki adentra o local com a tocha em uma mão, e a espada empunhada fortemente na outra, mas para sua surpresa, o Ogro não está lá, Kazuki explora o local e tudo o que encontra são cadáveres de animais e seus restos mortais. “É muito estranho, aqui com certeza é o covil dele, mas já está entardecendo e ele não voltou cá…”
Reflete para si mesmo e pensa em uma nova abordagem. “Eu vou voltar para fora e procurar alguma pista de seu paradeiro. Quem sabe ele não aparece enquanto eu investigo.” Kazuki sai da caverna e volta para a entrada ao lado da cachoeira. Ele começa a investigar a área ao redor, continuando por alguns minutos e minutos, mas não encontra nenhuma pista nem vestígios que revele a localização do Ogro.
“Isso é muito estranho, é como se nunca estivesse existido um Ogro, mas em seu covil tinha cadáveres frescos de animais, aquilo é uma prova concreta de que o Ogro ainda habita nas redondezas, só se…” Kazuki olha para as montanhas, o único lugar que ele ainda não havia investigado.
“Só se ele foi caçar suas presas na montanha… Bom, eu preciso investigar.” Kazuki sobe a montanha, que não era muito íngreme, e com um médio esforço e pouca dificuldade, ele consegue subir a montanha pouco a pouco, até chegar ao topo, tomado pela neve. “Será mesmo que ele estará aqui? É um lugar de difícil acesso para ele, e a temperatura é muito fria, porque ele estaria aqui se for pensar?”
Mesmo com a incerteza e suas dúvidas, Kazuki continua a procurar na planície do topo da montanha nevada, até que sem mais nem menos, começa a nevar, e é nesse momento em que Kazuki sente um forte calafrio em sua espinha. “Porque eu estou sentindo isso? Eu sinto… há algo errado, sinto que algo de ruim aconteceu…” Kazuki aperta o passo em meio à nevasca, seus passos são marcados na neve enquanto a nevasca se intensifica a cada passo dado.
Kazuki continua a andar em meio à nevasca, mesmo com frio, ele segue firme e forte. Até que avista uma grande cabana. “Uma cabana…” Ao se aproximar da cabana, percebe que ela está destruída e escancarada, com um grande buraco no meio dela…

Kazuki é tomado por uma profunda angústia em seu coração, e corre até a cabana com esperanças de encontrar alguém, mas ao chegar à cabana, a aflição toma conta de Kazuki, a cabana está banhada de sangue, mas não há nenhum corpo no chão. Kazuki, desesperado, explora a cabana procurando por algum sobrevivente, mas não encontra nada, Kazuki começa a pensar no pior cenário enquanto continua a vasculhar a cabana, até que achar um caderno caído no chão; Kazuki pega para ver o que é, ‘diário de Maria’, está escrito na capa do caderno, revelando ser um diário, Kazuki guarda o diário em sua bolsa.
Em seguida ele percebe um retrato em cima da estante, um pai, uma mãe, uma irmã mais velha, uma irmã do meio, e outra mais nova, mas enquanto Kazuki observava a foto em sua frente, ele sente uma presença maligna atrás dele, e de repente, o coração de Kazuki gela em um forte calafrio ao pressentimento de um ataque iminente…